14-07-2008 - Caçador: UnC testa, hoje, soro antiofídico feito no Estado

Uma pesquisa da Universidade do Contestado (UnC), campus Caçador, está prestes a conseguir produzir o primeiro soro antiofídico em Santa Catarina. Hoje, será feita a segunda de três aplicações de uma pequena quantidade de veneno da cobra jararaca em uma égua. O animal foi escolhido porque o cavalo é o único ser vivo que produz anticorpos para o veneno.
O soro, única substância comprovadamente eficaz para o tratamento das vítimas do ataque das serpentes, é produzido a partir do material retirado do animal.
Segundo a professora de Farmácia e Bioquímica da UnC Claugriana Locatelli em laboratório, será verificado se o material foi imunizado pela contagem de anticorpos. Depois, ocorrerá a purificação do soro, que consiste na retirada dos anticorpos contra o antígeno, que é o veneno da cobra.
Conforme o coordenador de laboratórios da universidade Álvaro de Cesaro serão duas coletas de sangue do animal, totalizando 15 litros. Com a separação, restará 1,5 litro de plasma, resultando 150 ampolas de soro. Para uma pessoa que sofreu ataque de uma serpente são utilizadas até cinco ampolas de 50 mililitros de soro.
Depois de feito o soro, o anticorpo será testado em ratos. Os roedores receberão aplicação de veneno e, após, do soro, para a comprovação da eficácia. Também será feito o teste com o veneno de cascavel.
Conforme Cesaro, o projeto iniciou há aproximadamente três anos, com a doação de cobras à universidade. Hoje, o serpentário já conta com mais de 500 animais. Além da utilização no curso de Ciências Biológicas, a universidade tinha a intenção de dar mais alguma utilidade às cobras.

Produção dá utilidade para o serpentário
Em uma parceria com o Instituto Butantan - responsável pela produção de mais de 80% dos soros e vacinas consumidas no Brasil - , profissionais da UnC fizeram treinamentos para o desenvolvimento do projeto.
Conforme o técnico de laboratório Marcos Tsuzuki, o veneno das cobras é transformado em cristais. Apenas um grama de veneno é diluído em um mililitro de soro fisiológico para a aplicação na égua, que pesa 406 quilos.
As inoculações, que são dadas no lombo do animal, o deixam sensível por algumas horas, mas não prejudicam sua saúde.

Fonte: Diário Catarinense - 14-07-2008


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