Hospital Universitário/UFSC: "A crônica de uma morte anunciada"

 Quando o Brasil foi "escolhido" para sediar a Copa do Mundo logo veio à tona a preocupação com a nossa sofrível infraestrutura. Ninguém gosta de receber visita com a casa bagunçada! Olhamos para as nossas ruas, os nossos aeroportos, os nossos indicadores sociais, os nossos equipamentos esportivos e não era (e ainda não é!) difícil observar que alguma coisa precisava ser feita.
Pois bem, os políticos de sempre contrataram as empreiteiras de sempre e os recursos facilmente foram "magicamente" aparecendo. Choveu dinheiro para a construção de estádios, custeados em quase 90% com recursos públicos. Para piorar o quadro de mentiras sobre o evento, obras da Copa 2014 ainda não foram concluídas.
A saúde, carência real e emocional de toda uma população, prossegue em seu caminho de pedras e de espinhos. Em saúde, sonhamos em ser primeiro mundo mas continuamos levando de 7 x 1.
O Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina é um dos exemplos vivos da falta de compromisso dos gestores de plantão com a saúde pública brasileira. Esta importante unidade sofre com a falta de recursos humanos, com a falta de investimentos e também, com gravíssima falta de respeito de nossas autoridades.
Vivendo a falsa polêmica de permanecer sob gestão pública ou passar a uma gestão "ebserhiana", deixam de olhar para os milhares de catarinenses que dele dependem e que merecem um atendimento de primeira e não o conseguem nem mesmo com todo o esforço de uma equipe multidisciplinar dedicada e que busca dentro do que tem sido possível, prestar um serviço em saúde que ainda é referência no Estado.
O esforço dessa equipe não entra no debate que muitas vezes tem beirado à histeria. Quem está no campo das discussões há dois anos parece não observar o sofrimento de quem precisa de atendimento, não observa as condições de trabalho dos servidores do HU e não projeta no que essa discussão sem um fim e sem resultados efetivos atrapalha na formação dos profissionais de saúde.
O que precisa ser debatido é como fazer para que cidadãos não fiquem mais internados no corredor da emergência. O que precisa ser entendido é que temos que abrir mais leitos, mais salas cirúrgicas, concluir a unidade de queimados. O que precisa ser compreendido é que as forças dos servidores do HU estão no seu limite, físico e emocional.
O SIMESC entende que as unidades públicas devem ser gerenciadas por administradores públicos. Temos por norte lutar para que a assistência em saúde seja plena, adequada, no limite da capacidade de cada unidade, não nos importando o matiz de seus gestores, se a gestão for competente.
Não estamos aqui para dizer que o HU deva aderir à EBSERH ou não. Não é nossa responsabilidade. Não é nossa prerrogativa.
Esta é uma tarefa indisfarçável da Reitoria da UFSC, que até o presente momento permanece em omissivo silêncio gerencial.
O HU, há 35 anos exercitando a entrega e a dedicação à comunidade catarinense, merece (e precisa!) de apoio e compreensão. O SIMESC, entidade dos médicos, vem abraçá-lo e realçá-lo, importante que é em nosso sistema de "vasos comunicantes".
Que outras entidades catarinenses possam também a ele direcionar os seus holofotes. Talvez assim, com a visibilidade ampliada, aqueles que estão tão próximos possam finalmente enxergá-lo.
Talvez assim, ele passe a receber auxílio para funcionar plenamente no cumprimento de sua nobre missão.
A Diretoria


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