06-08-2009 - SAÚDE PÚBLICA: Plano de saúde aumenta honorário para incentivar os partos normais

Para tentar reverter o quadro e se aproximar da meta estipulada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 15% de cesarianas ao ano, a Unimed adotou duas ações. Desde o início do ano, a operadora de saúde dobra os honorários do obstetra que realiza parto normal e, nos próximos meses, implantará um serviço de preparação de gestantes para o parto natural, conta Gustavo De Ré, médico-auditor da cooperativa. No entanto, ele defende que a decisão pela modalidade de parto deve ser exclusivamente do médico, que é quem pode avaliar com embasamento científico as necessidades da gestante e do bebê.
Se o medo do parto normal é causado pelas dores, a ginecologista e obstetra do corpo clínico do Hospital Santa Catarina Kátia Beckhauser Silva ressalta que é possível evitar o transtorno do parto natural com um método chamado analgesia. Difícil mesmo, avalia, é administrar a pressão das mães:
– O dilema do médico particular é que, fazer a vontade da paciente, muitas vezes significa esbarrar na ética e no conhecimento técnico. E não fazer a vontade dela pode significar perdê-la para outro médico – explica.
Os números de cesarianas na rede privada contrariam, além da recomendação da OMS, a orientação da Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde). De acordo com a diretora-executiva da instituição, Solange Beatriz Palheiro Mendes, as operadoras são incentivadas, por meio de informações divulgadas no site da entidade e de cartilhas distribuídas aos associados, a promover o parto normal. No entanto, não se pode impor esta modalidade de parto.
– Esta é uma decisão que fica a cargo da paciente e do médico – defende Solange.
Entre as pacientes do SUS, a incidência de cesarianas é menor que na rede privada porque a negociação não existe, explica o diretor em Ações em Saúde do município, Cláudio Pilotto. Exceto os casos especiais, todas fazem parto normal. Mesmo assim, o índice de cesarianas no Hospital Santo Antônio, onde cerca de 95% dos partos são pelo SUS, ficou em 53% ano passado. Segundo o gerente técnico do Hospital Santa Antônio, Osionides Conte Martinez, a taxa é alta porque o hospital, por ser referência em gravidez de alto risco, recebe muitas grávidas que necessitam de cesariana.

Fonte: Jornal de SC - 06-08-2009


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