Na parede do Programa de Saúde da Família (PSF) Rubens Belisário Vedes, o anúncio indica a longa espera dos pacientes: Atenção: Não teremos médicos a partir de segunda, 25/08. Aguardamos novo profissional. A ausência não é exclusividade da unidade da Rua Militão Schneider, no Bairro Ponta Aguda. Dos 55 PSFs da cidade, oito estão sem médicos permanentes. A Secretaria Municipal de Saúde prevê que a situação se normalize até o início de 2009, com a formatura de novos médicos, e reclama da falta de candidatos para o cargo, que oferece salário de R$ 5,8 mil para oito horas diárias de trabalho.
No último concurso, em junho de 2006, se inscreveram 76 candidatos para 39 vagas no PSF, segundo a secretaria. Desses, 60 foram classificados e 54 já foram chamados para atuar nos postos.
– Os médicos recém-formados fazem o concurso, chegam a ser empossados, mas desistem para fazer residência – avalia o diretor municipal de Ações em Saúde, Marcelo Lanzarin.
As unidades que não dispõem de médico fixo recebem atendimento através de rodízio pelo menos duas vezes por semana, garante a Secretaria de Saúde. Mas a comunidade protesta contra a falta de um profissional fixo.
– Encaminham a gente para o Ambulatório do Centro e a gente fica muito tempo esperando. A vinda de um médico para cá é urgentíssima – opina a costureira Nadir Salete da Silva Moura, 44.
– De que adianta ter postinho se não tem médico? Tô cansada de vir aqui e perder viagem. Eu não tenho condições de pagar consulta particular – reclama a dona-de-casa Eronilda Rangel Lemes, 45.
Hoje, 47 médicos fazem até 25 consultas por dia
O presidente da Associação de Moradores do Bairro Ponta Aguda, Laércio Raulino, reclama que o PSF Rubens Belisário Vedes está abandonado. Segundo ele, a comunidade se reuniu com representantes da prefeitura, mas teria sido informada de que só ano que vem o médico será contratado. A secretária de Saúde, Elizabete Ternes Pereira, explica que a dificuldade de contratação é um problema comum em todo o país.
Hoje, 47 médicos trabalham nos PSFs em Blumenau. Cada um faz, em média, de 20 a 25 consultas por dia, além de ações envolvendo grupos de hipertensos, gestantes, diabéticos, acompanhamento de recém-nascidos e visitas domiciliares. (colaborou Andréa Artigas)
Fonte: Jornal de SC - 05-11-2008