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03-03-2010 - Médicos não atendem mais sobreaviso. Sem o serviço, Emergência fecha dia 20

Ontem, apesar da suspensão do serviço de sobreaviso, a Emergência hospitalar continuava funcionando sem alterações.
De acordo com o presidente regional do Sindicato dos Médicos de Santa Catarina, Fernando Pagliosa, o atendimento se mantém, pois há um médico plantonista no local, porém se o paciente precisar de alguma especialidade terá de ser encaminhado a outro local onde tenham especialistas. "O paciente vai precisar ser transferido para onde haja o atendimento, provavelmente outro centro de referência, em outra cidade do Estado", frisa.
Lembrando que é raro passar um dia sem que os médicos de sobreaviso sejam chamados. "Isso acontece com bastante frequência, mas independentemente de atender ou não o médico está à disposição do Hospital como um todo, não apenas na Emergência", diz Pagliosa.
Sobre a possibilidade de atendimento desses pacientes no Hospital Tereza Ramos, ele reitera que pode ocorrer em alguma situação. "Somente em um procedimento em que tenha um profissional disponível".
A decisão final dos médicos foi tomada na assembleia na noite de segunda-feira, sendo que pela manhã receberam uma proposta da secretária de Estado de Saúde, Carmen Zanotto, sugerindo a participação do sindicato em uma comissão de estudo do Nossa Senhora dos Prazeres, para tentar resolver o problema. "Mas a assembleia considerou que a proposta veio muito tarde, se fosse há 20 ou 30 dias, avaliaríamos melhor, mas da forma que foi apresentada não foi aceita", esclarece.
O médico garante que a paralisação do atendimento será mantida até a solução, ou o encaminhamento para uma solução. "Continuamos abertos a negociações, mas com o sobreaviso parado", fala, explicando que há três meses os médicos vêm conversando com representantes da Secretaria Municipal de Saúde, do Governo Estadual e Secretaria de Desenvolvimento Regional, da Associação dos Municípios da Região Serrana (Amures), e com a direção do Nossa Senhora dos Prazeres, mas além da proposta da Carmen Zanotto, nada foi apresentado e não há nenhuma solução à vista.
A respeito da situação das pessoas que ficarão sem o atendimento, ele enfatiza que se não houver condições adequadas de trabalho e remuneração que permitam prestar um bom atendimento à população, os pacientes não serão bem atendidos, como já vem ocorrendo.
"Anunciamos isso há bastante tempo e os gestores não tomaram nenhuma atitude, por isso chegamos a esta situação. Resolvidos estes problemas quem ganha é a população com um serviço de qualidade e profissionais qualificados", complementa.
O atendimento da Emergência no Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, de acordo com o diretor administrativo, Canísio Winkelmann, segue normal. Ele reiterou que por enquanto a emergência continua atendendo e, dentro das necessidades, os médicos serão chamados.
"Não vamos medir esforços para que o médico venha atender aos pacientes, mas se ele não comparecer iremos acionar o Ministério Público", diz o diretor. No caso de um paciente que tenha um caso grave e o especialista não se apresentar para o atendimento, o hospital irá encaminhá-lo para a Secretaria de Saúde. "O gestor (secretário de Saúde) deve cumprir o que disse, e encaminhar para outros Centros de Referência, como Florianópolis ou Curitibanos", frisa.
Ele alega que se até dia 20 o problema não for solucionado, a emergência será fechada totalmente. "O hospital não para por vontade própria, é algo alheio a nossa vontade, mas se não tiver como, a consequência será o fechamento da Emergência", ressaltou.
O representante do Ministério Público Federal, Nazareno Jorgealém Wolff, alega que a responsabilidade sobre os serviços médicos é da Sociedade Divina Providência, administradora do hospital, e se esta não puder manter o serviço de Urgência e Emergência, deve devolvê-lo ao poder público, para que este o administre. "Nesse caso a Sociedade Divina Providência deve passar a concessão para o Estado", disse Nazareno.

Fonte:
Correio Lageano - 03-03-2010


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