Ao garantir em lei a realização anual de mamografias e exames preventivos de câncer de colo do útero pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o governo federal assumiu o compromisso de ampliar a oferta desses serviços até 30 de abril de 2009.
Esse é o prazo para que todas as brasileiras com mais de 40 anos tenham acesso a uma mamografia preventiva anual e, as que já iniciaram a vida sexual, independente da idade, tenham direito a um exame de câncer de colo do útero, também chamado de citopatológico ou Papanicolaou.
Atualmente, os exames são realizados gratuitamente pelo SUS apenas quando as mulheres apresentam sintomas das doenças. Nesses casos, os médicos encaminham as pacientes para a realização dos exames. Em algumas cidades gaúchas, o tempo de espera pode variar de dois a seis meses.
– Quando sente o caroço (na mama), a mulher tem de começar a tratar imediatamente, não pode esperar. As células cancerígenas se duplicam a cada 90 dias. A espera reduz as chances de cura – explica a presidente do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama) e da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), Maira Caleffi.
A garantia dos exames consta na Lei Federal 11.664/2008, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 29 de abril. Autor da lei, o deputado federal Enio Bacci (PDT-RS) avalia que a aplicação da proposta ajudará a salvar vidas.
– Hoje, os exames não são preventivos, como deveriam ser. O encaminhamento ocorre somente quando há problema detectado - ressalta o deputado.
Legislação também prevê ações educativas
A lei também prevê a assistência integral à saúde da mulher, incluindo amplo trabalho informativo e educativo sobre a prevenção, a detecção, o tratamento e o controle ou o pós-tratamento do câncer de mama e de colo do útero. No Rio Grande do Sul, as duas doenças estão entre as principais causas de mortes entre o sexo feminino.
– Mais da metade das mulheres com mais de 50 anos nunca fez uma mamografia no Brasil. A lei é um alento, mas o desafio será colocá-la em prática - projeta Maira.
Os dados mais recentes da Secretaria Estadual da Saúde (SES), de 2005, apontam que 951 mulheres perderam a vida devido ao câncer de mama naquele ano, o equivalente a 17,1 mortes a cada grupo de 100 mil mulheres. No câncer de colo do útero, a mortalidade foi de 5,8 por 100 mil mulheres (326 mortes).
De acordo com o coordenador do Programa de Saúde da Mulher da SES, Carlos Quadros, as mamografias estão acessíveis hoje a 60% das gaúchas com mais de 50 anos. Em 2007, foram 166 mil exames pelo SUS, ao custo de R$ 6,5 milhões. Ao lançar o Plano RS Mulher, em março, a governadora Yeda Crusius determinou a ampliação do número de mamografias em 30% este ano, com recursos do Estado. Os exames citopatológicos atingiram 688 mil mulheres em 2007.
Saiba mais
Mamografia
É um exame de diagnóstico por imagem do tecido mamário. É capaz de detectar um nódulo, mesmo que ainda não seja palpável. No exame, um aparelho é utilizado para a obtenção de imagens radiográficas da mama.
As imagens são analisadas para identificar possíveis nódulos. As chances de cura de um câncer de mama em estágio inicial são de até 95%. A indicação é de um exame anual para mulheres com mais de 40 anos.
Papanicolau
Consiste na coleta de material do colo uterino com uma espátula especial inserida na vagina. O material é aplicado sobre uma lâmina para ser analisado em microscópio por um patologista. É recomendado a mulheres com vida sexual ativa ou não. Se dois exames anuais tiverem resultado negativo, pode passar a ser feito a cada três anos, conforme avaliação médica. O câncer de colo do útero é o único que pode ser totalmente prevenido, uma vez que o exame detecta alterações celulares que precedem a doença.
Fonte: Zero Hora - 13-05-2008