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08-08-2008 - São José: Médico já estava sendo processado

O médico Éverson de Araujo, que realizou a lipoaspiração em que a dona de casa Zulmara Maria Barbosa Correa, 44 anos, morreu, na terça-feira, em São José, na Grande Florianópolis, já estava sendo processado por outra paciente, que reclama dos resultados de uma operação.
Josiane Oliveira Santana, 29 anos, disse que ficou mutilada depois de se submeter a uma cirurgia na barriga e a um implante de próteses de silicone nos seios com o mesmo profissional.
Ela declarou que as mamas ficaram flácidas e que uma ficou com mais volume do que a outra. Relatou que a barriga apresentou problemas porque um lado está maior do que o outro. Além disso, contou, o umbigo ficou fora do lugar.
Josiane afirmou que foi operada duas vezes em dezembro de 2006. No primeiro procedimento teria passado nove horas na mesa de cirurgia. A paciente contou que saiu chorando logo que o serviço foi concluído pois percebeu que ocorreram problemas.
De acordo com Josiane, uma segunda operação teria sido realizada, mas o resultado não foi satisfatório. Ela disse que uma prótese de silicone foi colocada na posição vertical e outra na horizontal.
A paciente declarou que, percebendo que seria processado, o médico marcou uma terceira operação. No entanto, não compareceu com medo de novas complicações.

Não havia filiação à entidade de cirurgia
A Regional de Santa Catarina da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) informou que o médico que realizou a operação não está entre seus filiados. O secretário-geral da entidade no Estado, Vilberto Vieira, disse ainda que um item de uma resolução do Conselho Federal de Medicina determina que lipoaspiração deve ser realizada por um profissional com formação especializada.
O médico que operou a dona de casa era somente cirurgião geral. A diferença em relação aos membros da sociedade são três anos de especialização em cirurgia plástica. Nesse período o profissional aprende os procedimentos específicos.
O secretário geral da sociedade orientou os pacientes que desejam se submeter a uma plástica a procurarem referências sobre o profissional escolhido com parentes, amigos e pedir a opinião de médicos de outras áreas.
Vieira também aconselhou as pessoas a observarem a estrutura, condições de higiene e as instalações da clínica que vai se submeter a operação.
Outra recomendação é fazer várias perguntas na consulta para medir a capacidade do profissional.

Mais
É preciso especialização de 3 anos para se fazer cirurgia plástica
Contraponto
O que diz o médico
Procurado pela reportagem do Diário Catarinense na tarde de ontem, o proprietário da Tracus Clínica Cirurgia Plástica e Medicina Estética preferiu não se manifestar. Ele chegou a atender ao telefone, mas desligou ao ser informado sobre o teor da conversa.
Para o seu filho ler
A lipoaspiração é uma cirurgia feita para retirar gordura do corpo. É feita por homens e mulheres. O objetivo é reduzir o volume de gordura para melhorar a saúde ou a beleza. Geralmente é feita em áreas como barriga, coxas, pescoço e braços. A gordura quase sempre é removida por um tubo, depois de sugada por um aspirador. A lipoaspiração não pode ser confundida com a lipoescultura, que ocorre quando os médicos retiram gordura de certas partes do corpo e aplicam em outras áreas.


08-08-2008 - Polícia Civil interroga envolvidos

A Delegacia do Bairro Kobrasol deve tomar hoje os primeiros depoimentos sobre o caso da dona de casa Zulmara Maria Barbosa Correa.

A comissária Valdete Daniel disse que ontem à tarde estava sendo definida a ordem das pessoas que serão ouvidas. Os policiais civis devem conversar com a direção da clínica onde foi realizada a cirurgia, o médico que realizou a operação e os familiares da paciente. Estes últimos devem prestar depoimento em Criciúma, no Sul, cidade em que moram e onde vivia a dona de casa.
De acordo com a comissária, a clínica não tinha Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e quando os policiais chegaram encontraram somente Zulmara. O corpo médico havia deixado o local. Valdete disse que esta é a segunda investigação contra o profissional que fez a operação na dona de casa. Ela declarou que no outro caso não houve morte do paciente.
O presidente da Associação Catarinense de Medicina, Genoir Simoni, afirmou que o caso está sendo apurado pelo Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina. Ele disse que uma comissão esteve na clínica para verificar os procedimentos adotados e a forma como foram feitos. Também será analisado o laudo do Instituto Geral de Perícias.

Fonte: Diário Catarinense - 08-08-2008


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