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04-09-2008 - Médico responsável por lipoaspiração que terminou em morte é detido em São José

O médico Éverson Jucas de Araújo, que coordenou a cirurgia de lipoaspiração que teria causado a morte da dona de casa Zulmara Correa, no mês de agosto, foi detido em sua residência no final da tarde de quarta-feira, no Centro Histórico de São José, na Grande Florianópolis. Ele está numa cela especial na Central de Polícia do município.
A operação foi realizada em 4 de agosto na Traçu's Clínica de Cirurgia Plástica e Medicina Estética, no bairro Kobrasol. Zulmara teve complicações de saúde após o procedimento e morreu no local. Depois da morte de Zulmara, outras 14 pacientes já apresentaram denúncia contra o médico e a clínica por negligência médica.
A prisão preventiva foi determinada pelo juiz Alexandre Schramm, da 1ª Vara Criminal de São José, que acatou solicitação da delegada Carolini Vicente, que investiga o caso.
O pedido de detenção foi baseado no fato de que a polícia reuniu provas que comprovam que o médico teria agido com dolo eventual — assumido risco de morte ao realizar a cirurgia no local — e havia indícios de que ele poderia deixar o Estado e ir para o Amazonas.
O inquérito criminal deve ser finalizado em até uma semana e encaminhado ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), que decide se aceita a denúncia ou não. Carolini deve indiciar Éverson por homicídio doloso. Caso a Justiça aceite a denúncia, o caso pode ir a júri popular.

As investigações
A Polícia Civil abriu inquérito para apurar a morte de Zulmara em 6 de agosto. Desde a data, prestaram esclarecimentos à polícia o médico responsável, o auxiliar dele, Paulo D´Ávila Simão, e o anestesista João Martins de Souza, que participaram do procedimento cirúrgico.
Também foram ouvidas a esposa e a filha de Éverson, Djanira D' Espíndola Correa e Synara de Araújo, respectivamente. Djanira é sócia do marido, proprietário da clínica, e Synara auxiliar de enfermagem.
A esposa do médico ficou calada em depoimento. Synara e o auxiliar do médico culparam o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) pela morte da paciente. Segundo eles, houve demora na remoção da paciente para uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) pelos socorristas.
A direção do Samu alega que a equipe não poderia transferir a dona de casa porque Zulmara estava sofrendo uma parada cardíaca e morreria se fosse colocada em uma ambulância.
O caso também é investigado por sindicância no Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (Cremesc). Conforme relatório da Vigilância Sanitária, a clínica funcionava clandestinamente há pelo menos quatro anos.
A Regional de Santa Catarina da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) informou que o médico que realizou a operação não está entre seus filiados e que uma resolução Conselho Federal de Medicina determina que lipoaspiração deve ser realizada por um profissional com formação especializada.

Polícia investiga cobrança ilegal
A polícia também vai investigar se o médico Éverson de Araújo cobrava por cirurgias feitas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Angelina, município a 70 quilômetros de Florianópolis.
Uma ex-paciente procurou a polícia e disse que realizou dois procedimentos cirúrgicos com o médico, em 2002 e 2007. O segundo foi em reparação ao primeiro. Ela disse que teria pago R$ 4 mil pelas duas cirurgias e que teria documentos que comprovam que elas foram feita pelo SUS.
Ela mostrou recibos de pagamento da primeira plástica na barriga e o prontuário do hospital que contém o sistema público como financiador da cirurgia.

Fonte: Diário Catarinense - 04-09-2008


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