Exposição solar: saudável pelos seus efeitos benéficos ou prejudicial pelos riscos que traz?

 A luz solar demora cerca de 8 minutos e 18 segundos para atingir nosso planeta. Nada mal, considerando os 150 milhões de quilômetros que nos separam.
O sol representa 99,86% da massa do sistema solar, sendo sua estrela central, em torno da qual todos os corpos giram. É fácil entender o fascínio e a já antiga adoração que recebe, sendo homenageado até mesmo com o nome de nosso dia de descanso (Sunday). Além de influenciar o clima e os fenômenos meteorológicos, esta imensa fonte de energia permite a vida na Terra.
A exposição à radiação solar tem efeito antidepressivo e promove a conversão de compostos químicos precursores em vitamina D, sendo sua principal fonte para os humanos. Desta forma, a exposição solar de forma adequada, traz efeitos benéficos para a saúde física e mental.
O problema surge nos excessos. A partir do século XX, passou a existir um imenso culto ao bronzeado, originando a busca aos aceleradores de bronzeamento e a vontade de manter a todo custo uma pele bronzeada.
Infelizmente, o bronzeamento representa uma reação de defesa. O melanócito, localizado na camada basal da epiderme, ao ser atingido pela radiação ultravioleta, inicia sua produção de melanina, pigmento que desempenhará uma função protetora ao evitar danos ao núcleo das células da pele.
Normalmente pessoas de pele muito clara costumam ser mais preocupadas e insistentes em adquirir um tom bronzeado, e são justamente as que irão sofrer de maneira mais intensa os efeitos nocivos de uma exposição solar inadequada.
Surgem então queimaduras solares, que ocorrem como uma reação aguda com formação de eritema, edema e dor local, podendo chegar nos casos mais graves, à formação de vesículas e bolhas. O eritema costuma iniciar após um período de latência de 2 a 7 horas e persiste por horas ou dias. São também comuns as manchas pela exposição solar, mesmo nos jovens, com aparecimento de efélides e melasmas.
De forma mais tardia a exposição solar vai originar alterações que vão desde o fotoenvelhecimento, que pode se apresentar a partir da terceira década de vida e se caracteriza pelo afinamento da pele, com alterações em sua tonalidade. Aparecem rugas, telangiectasias e manchas como os lentigos solares e a poiquilodermia, caracterizada por um aspecto reticulado, telangiectásico, no colo e região lateral do pescoço, poupando uma região triangular (pela proteção do mento), originando um perceptível e incômodo contraste na região cervical.
O principal motivo de preocupação no entanto é o surgimento de lesões pré-cancerosas, como as ceratoses e queilite solares e o câncer da pele (tipo de câncer de maior inicidência no Brasil). O dano pela radiação solar é cumulativo e tem íntima relação com o surgimento do Carcinoma Basocelular, Carcinoma Espinocelular e o temido Melanoma.
Como devemos então definir a exposição ao sol: saudável pelos seus efeitos benéficos ou prejudicial pelos riscos que traz? A resposta é simples: as duas coisas! A questão é individual e como sempre envolve fatores genéticos e ambientais: tipo de pele e hábitos de exposição solar, sendo o resultado desta equação pessoal e intransferível.
Vale lembrar que para a produção de vitamina D são suficientes pequenas exposições ao sol. Entre 5 e 20 minutos por dia, dependendo de fatores como presença de nuvens, altitude e horário da exposição. Com relação ao horário, como a radiação ultravioleta B é a responsável pela produção da vitamina D, os períodos de maiores níveis desta radiação (entre 10 e 15 horas) seriam mais eficazes para tal produção. São porém os períodos de maior risco carcinogênico. Curtas exposições são portanto suficientes e mais seguras.
A vitamina D ainda pode ser adquirida (ainda que em muito menor quantidade) pela dieta, através de peixes como bacalhau e salmão, leite, gema de ovo, shitake seco e óleo de fígado de bacalhau. Em pessoas com eventual risco de osteoporose a suplementação de vitamina D deve ser considerada.
Os maiores prejuízos originados por uma exposição solar exagerada vão acontecer até em torno dos 20 anos de idade e neste período seria interessante um maior controle por meio de educação e orientações sobre exposição solar cuidadosa.
Os cuidados são simples e amplamente divulgados: o uso de filtro solar com pelo menos um FPS de 15, proteção com roupas e acessórios (chapéus, camisetas, óculos) e a observação dos horários de maior radiação, entre 10 e 15 horas (11 e 16 horas no horário de verão).
A partir de uma certa idade normalmente o tempo de exposição solar reduz consideravelmente. O ideal seria uma melhor distribuição desta exposição nestes dois períodos da vida.
Cada pessoa deve, portanto adequar sua própria exposição solar, permitindo um equilíbrio entre qualidade de vida, felicidade, saúde e segurança.


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