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Falta de profissionais cancela cirurgias eletivas no hospital infantil Joana de Gusmão em abril

 Somente duas salas de cirurgia estão funcionando desde segunda-feira. Uma para cirurgias eletivas e outra para emergências.

Um documento fixado no mural do centro cirúrgico do hospital infantil Joana de Gusmão, assinado pela enfermeira chefe e pelo médico chefe do centro cirúrgico, sentenciou o destino de centenas de crianças que aguardam por cirurgias eletivas na unidade de saúde: devido a falta de profissionais, durante o mês de abril, mais uma sala de cirurgia foi fechada. A medida emergencial é por tempo indeterminado ou até a unidade de saúde ser atendida com funcionários para o setor.
“Originalmente o hospital tinha oito salas de cirurgia, que nunca foram ativadas por completo. Até alguns anos, trabalhávamos com cinco. Nos últimos tempos, quatro, depois três e agora duas salas. E o motivo é a falta de recursos humanos para a saúde, uma tecla que estamos batendo há tempos: sem recursos humanos a saúde não tem cura”, informa o presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Santa Catarina (SIMESC) e médico anestesiologista no Infantil, Cyro Soncini.

Cyro lembra que pelo menos 100 leitos estão desativados no Infantil por falta de profissionais. “É um problema que se agrava rapidamente com o passar dos dias enquanto que as medidas administrativas necessárias não caminham na mesma velocidade”.
O presidente do Sindicato dos Médicos estima em 400 o número de cirurgias canceladas somente no mês de abril por causa dessa situação, gerada pela aposentadoria de quatro profissionais do setor. "E ninguém reparou isso? E como ficam as famílias que estão esperando há muito tempo por uma cirurgia em suas crianças? Vão aguardar o próximo mutirão de cirurgias, que será lançado pelo governo do Estado como a solução para todos os males? Precisamos urgente de gestão em saúde! Esses profissionais não se aposentaram de uma hora para outra. Houve um processo de aposentadoria. E ficaram de braços cruzados esperando o quê? Fechar o centro cirúrgico e deixar essas crianças à mercê da sorte de um encaixe? Não podemos nem nós, equipe médica e nem as famílias, vivermos nessa angústia da falta de respeito com a saúde".
De acordo com Cyro, a questão estrutural também afeta o Infantil. “Se fôssemos hoje, com a condição ideal de recursos humanos, reativar todas as salas de cirurgias, teríamos problemas de falta de equipamentos. Mas vale lembrar que recursos humanos não são formados de uma hora para a outra. Um instrumentador cirúrgico, por exemplo, precisa ser preparado, treinado para ter a habilidade necessária para trabalhar. Assim como equipamentos não se compram de uma hora para a outra. Reforço: falta plano de ação".
O presidente do Sindicato informa que vai reforçar junto aos órgãos competentes a situação do Infantil. “Estamos o tempo todo apagando fogo e não vemos medidas práticas sendo tomadas agora, no presente. Temos hoje um ‘governo de futuro’, em que tudo é transferido para a frente. Volto a reforçar que o Pacto pela Saúde, se sair do papel, será bem-vindo. Mas sem a contratação de recursos humanos para fazer a roda girar, não sairemos do lugar. Pior, andaremos para trás e não conseguiremos nunca ultrapassar essa fase de denunciar os problemas de saúde por falta de condições humanas e físicas”, encerra.


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