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Cyro Soncini fala sobre controle da Covid-19 à NSC

A colunista Dagmara Spautz, da NSC, repercutiu em sua coluna, nesta sexta-feira (04/12), entrevista com o presidente do SIMESC, Cyro Soncini, em que destaca a necessidade da participação da sociedade para o controle da transmissão do Coronavírus.

Veja abaixo a publicação:

"Falta participação da sociedade para evitar esse nível de transmissão", diz presidente do Sindicato dos Médicos

O médico Cyro Soncini, presidente do Sindicato dos Médicos de Santa Catarina (Simesc), reuniu-se nesta sexta-feira como secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, e reforçou um apelo que tem sido feito pela entidade por meio de notas oficiais. Os médicos pedem que o governo atue de forma mais efetiva na fiscalização das medidas de contenção da pandemia, e alertam para o agravamento da situação em SC.

A sugestão do Simesc é para que o governador Carlos Moisés (PSL) procure trazer uma mensagem conjunta com o Legislativo e o Judiciário, para mostrar um alinhamento de forças no combate à pandemia. Em entrevista à coluna, Cyro Soncini fala sobre o fator educativo das medidas de fiscalização, e revela preocupação dos médicos com o avanço da Covid-19.

Entrevista: Cyro Soncini

Qual é o sentimento dos médicos?

É um sentimento de muita chateação por parte de alguns, na percepção de que, mesmo com regras lançadas, o acompanhamento não tem sido pleno. Nós temos visto mais pacientes indo ao hospital, internando, eventualmente internando em UTIs, e o estresse, a dificuldade, começam a ficar muito grandes para os profissionais de saúde. Os médicos estão chateados por entenderem que está faltando um pouco de participação da sociedade, como um todo, para evitar esse nível de transmissão que está causando todo o nosso problema.

O que está faltando? As pessoas estão cansadas, não acreditam na gravidade da doença, na rapidez de transmissão?

Essa é uma possibilidade, nós não somos muito disciplinados, de maneira geral. Somos uma sociedade um pouco mais solta, o que e muito bom, sem críticas. Mas não somos muito disciplinados. Eventualmente, a partir desse fato, e como houve uma redução significativa dos casos há um mês, ou 40 dias atrás, a sensação talvez seja de que a coisa está passando. Mas, na medida em que isso não esteja acontecendo, o nosso alerta é no sentido de que as autoridades constituídas façam valer as regras. Nós não estamos sugerindo que fechem restaurante, supermercado, que parem ônibus. A vida tem que seguir, as atividades econômicas são importantes. Mas, se está liberado e tem regras, que seja fiscalizado. Isso vale para o ônibus, para o restaurante, para o bar, para o supermercado, loja, qualquer ambiente A fiscalização, na nossa visão, tem que se fazer um pouco mais forte para que, se o cidadão der uma relaxada, ele volte a ser chamado para continuar com os cuidados.

O senhor acredita que a falta de fiscalização contribua para essa sensação das pessoas, de que estamos vivendo em um momento ‘normal’?

Por mais que todos estejamos orientados, as informações são divulgadas por vocês frequentemente, todo dia, mas é da natureza (das pessoas) dar uma relaxada. A fiscalização, e a notícia que vem com ela, como ‘aquele restaurante que não estava cumprindo as regras foi fechado’, isso também é educativo. Na hora em que isso não acontece, a impressão que dá para todos é de que aquele relaxamento é usual, universal, e segue em frente. A fiscalização tem que colocar no trilho aqueles que estejam fora e valorizar os que estejam fazendo tudo certinho. Acho que a população deu uma relaxada por falta de ver na abertura da praia o Jeep da polícia, ou da guarda muicipal, e a fiscalização no restaurante, em outros locais. A liberdade tem que vir de mãos dadas com a responsabilidade. Se isso não for feito, corremos o risco de pregar no deserto e as pessoas não entenderem que o momento é grave.

Quantos médicos Santa Catarina perdeu para a pandemia?

Em torno de 10 a 12 médicos sofreram a tal ponto que foram a óbito pela pandemia, não em função de outros problemas. O número de contaminados não temos, mas sabemos que muitos colegas foram afastados, e o afastamento é demorado, em torno de 10 dias a duas semanas. Não é como uma gripe, que sai por dois dias e volta ao trabalho. Tem atingido médicos e profissionais da saúde de modo significativo.

A pandemia tem atingido neste momento pessoas mais jovens?

Pelas informações que tenho lido dos colegas médicos, que trabalham em diversas unidades, há um número maior de jovens testando positivo. Nem todos com a doença estabelecida. Alguns adoecidos, e com a repercussão que isso traz. Por serem jovens, não são tão afetados quanto alguém mais idoso. O jovem está mais na rua, em evento social, na balada, e às vezes se preocupa um pouco menos com esses cuidados de distanciamento. Temos mais jovens afetados e testando positivo, que não é a situação que tínhamos no começo (da pandemia).


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