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Diretor do SIMESC tem artigo sobre violência contra médicas publicado no Jornal Notícias do Dia

O artigo “Ser médica no Brasil: Um ato de coragem diário”, escrito pelo diretor de Comunicação do SIMESC e ginecologista e obstetra Renato Polli, foi publicado no jornal Notícias do Dia do dia 10 de setembro.

No texto, ele denuncia a violência contra médicos, especialmente médicas, e faz um chamado urgente por proteção, respeito e justiça para quem dedica a vida a salvar vidas.

Leia na íntegra abaixo:

 

Ser médica no Brasil: Um ato de coragem diário

Escrito por Renato Polli -  Ginecologista e Obstetra

Entrar em uma unidade de saúde para salvar vidas e sair de lá com a própria vida em risco. Essa é a triste realidade enfrentada por médicos e, de forma ainda mais cruel, por médicas. A agressão sofrida recentemente por duas profissionais em Itajaí expõe o que chamamos de dupla violência: ser alvo por exercer a medicina e por ser mulher, acumulando não só o peso da profissão, mas também o da desigualdade de gênero.

Infelizmente, não se trata de um episódio isolado. Dados do Conselho Federal de Medicina revelam que, apenas em 2024, foram 4.562 boletins de ocorrência de violência contra médicos no Brasil, quase 12 casos por dia. Entre 2013 e 2023, somaram-se quase 40 mil registros de agressões físicas, ameaças, injúrias, difamações e intimidações, sendo que aproximadamente metade das vítimas são mulheres.

Em Santa Catarina, a ausência de números consolidados preocupa. Quantos colegas já foram alvo de agressões verbais ou físicas? Quantos silenciam por medo, por descrédito, ou por não verem resultados ao denunciar? De onde vem tanta agressividade? Da falta de educação? Da banalização da violência? Ou da certeza da impunidade?

Sem respostas concretas, seguimos expostos. Muitos agressores sequer são responsabilizados, e o médico, além de agredido, sente-se desamparado pelas instituições que deveriam protegê-lo. O medo passou a ser um componente presente na rotina dos plantões.

Por isso, é urgente avançar em medidas concretas. O Projeto de Lei nº 6.749/2016, que tramita na Câmara, busca aumentar as penalidades para quem agride profissionais da saúde em serviço. Somado à criação de delegacias especializadas e campanhas permanentes de conscientização da população, pode representar um passo real na proteção de quem cuida da população.

Até quando aceitaremos o inaceitável? Proteger o médico é também proteger a saúde de todos. É uma questão de justiça, de respeito e de humanidade. Como médico ginecologista e obstetra, e pai de filhas mulheres, vejo essa fragilidade com extrema preocupação. Não se trata apenas da segurança no exercício da profissão, mas da proteção da dignidade de quem dedica a vida ao cuidado. Cada profissional agredido é um alerta de que o sistema está falhando. E falhar com quem salva vidas é inaceitável.


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